“É preciso sonhar. O jovem que não sonha não é jovem.”
Entrevista
com o Pároco Alex Martins de Freitas realizada pelos alunos do 2º ano do Ensino
Médio*
Pe. Alex Martins de Freitas concedeu esta entrevista no dia 09 de
setembro de 2015 sobre vocações, tema do mês de agosto na Igreja Católica. O
paróco é natural de Viçosa/MG e tem 29 anos. Estudou na Faculdade
Arquidiocesana de Mariana Dom Luciano, onde formou-se sacerdote. Pe. Alex tem
vários projetos para a nossa comunidade e nesta conversa deixa uma mensagem
especial para o jovens, falando sobre escolhas pessoais e sua visão sobre as
vocações.
Pe. Alex, por que
celebrar o mês vocacional?
Pe. Alex - Celebrar o mês
vocacional é celebrar a vocação de cada um de nós, seja na Igreja, seja na
sociedade. Celebrar o mês vocacional é aguçar as consciências das pessoas para
este chamado de Deus. Deus nos chama à vida, nos chama à responsabilidade
específica dentro da Igreja e dentro da sociedade. Nem todos têm essa
consciência quando a Igreja nos chama a celebrar o mês vocacional. A Igreja quer que nós reflitamos a respeito da vocação em todos os âmbitos da vida, na Igreja e também no interior da sociedade, a fim de estarmos atentos ao que Deus confia a cada um de nós para construirmos juntos um mundo melhor.
O que as vocações
representam na vida dos cristãos e de que forma eles devem vivenciar esse tema?
Pe. Alex - As vocações
representam a bondade de Deus, confiança de Deus. O termo vocação vem do latim
“vocare” que significa chamado, chamamento. E é Deus mesmo quem chama, sempre é Deus
que chama. Chama a cada um de nós a assumirmos um compromisso, uma missão. Deus confia em suas criaturas para o serviço dentro da sua igreja e da sociedade. Os cristãos devem vivenciar as vocações com generosidade de coração, com abertura e liberdade de espírito, para corresponder ao chamado que Deus faz. Devem dizer sim da mesma forma que Maria, a mãe dos vocacionados, disse sim ao chamado que Deus lhe fez e à missão que Deus lhe confiou.
Quando você descobriu
sua vocação? Que pessoas ou fatos influenciaram sua escolha sacerdotal?
Pe. Alex - Quando eu tinha mais
ou menos 20 anos de idade e participava do grupo de jovens de minha comunidade
JUC (Jovens Unidos a Cristo). Descobri minha vocação a partir do contato com
outros jovens e no crescimento da fé em minha comunidade. Ouvi o chamado de
Deus em meu coração e resolvi atender a seu chamado. No grupo de jovens
fazemos muitas amizades, amizades verdadeiras, as quais de fato podemos confiar.
Tive também o exemplo de padres que foram referências para mim no processo de
discernimento vocacional. Pessoas que me transmitiram a presença de Deus,
pessoas que me ajudaram.
Qual o processo
envolveu sua escolha sacerdotal? Que fator mais influenciou?

Pe. Alex – A vocação é sempre um
processo de discernimento, escuta da Palavra, saber de fato que Deus nos chama,
nos chama para um processo longo e demorado, mas que tem fim na nossa resposta,
seja sim ou não. Eu respondi sim ao chamado que Deus me fez e, ao longo do
processo que começou lá, como já disse, nos grupos de jovens. Depois eu tive
uma experiência de uma semana vocacional dentro do seminário em Barbacena e lá,
sendo acompanhado por padres, psicólogos e alguns testes vocacionais, pude
chegar à decisão de iniciar um processo dentro do seminário de discernimento
vocacional. É um processo que durou 8 anos, tendo, no meu caso, a primeira
etapa do Propedêutico, no seminário de Barbacena. Esta etapa é uma introdução à
vida seminarística. Depois cursei três anos de Filosofia em Mariana, na Faculdade
Dom Luciano e em seguida, cursei mais quatro anos de Teologia no Instituto
Teológico São José, também em Mariana.
Quais os prós e os
contra do sacerdócio? Em algum momento,durante o seminário,você já pensou em
desistir?
Pe. Alex - Por ter pouco tempo
de padre ainda, eu não experienciei nada de forma negativa dentro do ministério
sacerdotal. Estou me sentindo feliz por estar quase completando um ano de padre
em outubro. Além disso, me sinto feliz na comunidade onde estou e com o serviço
que tenho prestado na comunidade. Agora, se tive dúvidas em algum momento no
seminário, é lógico que sim. Toda escolha importante exige muito de nós, cria
uma certa indecisão, uma certa resistência. Mas, quando se pensa naquilo que
Deus espera de nós e em todo o processo feito até então, a presença, a bondade
e o amor de Deus pesam mais do que o momento de crise e a escolha é sempre
continuar e permanecer firme, levando adiante o que Deus espera de nós.
Quais projetos você pretende
desenvolver em nossas comunidades de maneira geral?
Pe. Alex -Projetos são muitos.
Toda comunidade implica projetos. Precisamos planejar nossa ação pastoral,
evangelizadora. Neste ano iniciamos a organização de alguns conselhos que
estavam, em algumas comunidades, parados. Além disso, fizemos a renovação em
outras comunidades. Estamos fortalecendo a nossa catequese e precisamos fazer
um trabalho voltado para a juventude local. Precisamos de uma ação mais efetiva
e evangelizadora dentro das comunidades, sobretudo, dentro daquelas mais
afastadas, que precisam de um apoio maior. Então, vamos trabalhando e nos
esforçando para que, de fato, o reino de Deus possa acontecer no meio de nós.
Quais conselhos você daria a um jovem indeciso quanto ao
futuro?
Pe.
Alex - A indecisão, como eu já disse, faz parte da nossa
vida, sobretudo da vida de um jovem que está ainda estudando, se preparando e
pensando naquilo que quer ser. É preciso sonhar. O jovem que não sonha não é
jovem. Por isso, é preciso entrar nesse processo de discernimento para poder
fazer sua escolha, porque a indecisão faz parte de nossa vida, mas ela não pode
nos paralisar e nos impedir de dar passos significativos em direção ao futuro.
Jovem, tenha coragem de arriscar e de fazer a escolha que deseja. Eu escolhi
ser padre. Outros vão escolher ser doutores, advogados, médicos, dentistas,
professores, agrônomos ou zootecnistas. Alguns escolhem não fazer nada, mas é
sempre uma escolha, não podemos deixar que a indecisão nos paralise e não nos
deixe caminhar.
Que dicas você daria a ele a um
jovem que demonstre ter vocação e interesse pelo sacerdócio.
Pe.
Alex - Coragem! Vale a pena seguir Jesus, doar a vida em
serviço à Igreja e ao povo de Deus. Isso nos faz bem, nos realiza. Ser padre é
estar junto do povo, é caminhar junto, é levar a presença de Deus através da Palavra,
da celebração dos Sacramentos e através de si mesmo, se tornando sacramento na
vida do outro. Ser padre é ser presença de Deus na vida das pessoas. Vale a
pena.
Você deseja fazer mais algum comentário, deixar alguma mensagem?
Pe.
Alex - A minha mensagem é um questionamento para os jovens.
Nessa etapa da vida, que é a juventude, vários horizontes se abrem e exigem de
nós uma resposta, uma escolha. O que eu quero ser? O que eu espero da minha
vida? Qual a minha vocação? Você já parou para pensar a respeito disso? Onde
você pode melhor servir e fazer os outros felizes? É bom pensarmos nisso.
*
Alunos entrevistadores: Géssica de Souza Oliveira; Lucas Gomes Souza; Mateus da
Silva Abreu representando toda a turma do 2º ano/EM sob a orientação da professora de Língua Portuguesa Beatriz S. Clemente Machado.